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Reunião de 14/04/2025

Reunião de 14/04/2025

Presentes (todos a distância):  Alessandra Folha Mos Landim, Beatriz Amorim de Azevedo e Silva, Diego Pereira Silva, Fábio Luiz de Castro Dias, Jackeline Mendes Brandão, Luiz Rosalvo Costa, Pedro Henrique da Silveira Nunes, Rafael Schneider, Sheila Vieira de Camargo Grillo, Vânia Torga, Yuri Andrei Batista Santos.

Pauta:

- Boas-vindas

- Números temáticos

- Colóquio 60 anos de “A obra de François Rabelais e a cultura popular na Idade Média e no Renascimento (1965-2025)

- discussão do artigo “Democracia, eleições brasileiras e 08 de janeiro: uma análise de discurso comparativa dos jornalismos brasileiro e francês” de Alessandra Folha Mos Landim

- Fórum de discussão sobre inteligência artificial (IA)

Reunião:

Às 15h, por GoogleMeet, teve início a reunião de abril de 2025 do Grupo de Pesquisa Diálogo (USP-CNPq).

Primeiramente, recebemos, pela primeira vez, o mestrando Diego Pereira Silva e a doutoranda Jackeline Mendes Brandão, ambos orientandos de Sheila V. C. Grillo no PPG em Letras e Artes da Universidade Estadual do Amazonas.

Em seguida, foram anunciadas três organizações de números temáticos de periódicos feitas por pesquisadores do grupo:

2)Yuri Andrei B. Santos, Vânia Torga e Vanessa Fonseca Barbosa, organizam número da Revista Linha d’Água, “Dimensões cronotópicas dos relatos de vida em escritas femininas”, com prazo para submissão prorrogado para em 30/04/2025.

3) Sheila V.C. Grillo relatou a publicação próxima de número temático do periódico Revista Linha d’Água, com o tema “Diálogos da obra de Bakhtin e do Círculo com outras teorias e áreas do saber”, com previsão de publicação em abril de 2025.

4) Sheila V. C. Grillo juntamente com Milena Moretto (USF) e Renata Helena Pin Pucci (USF) estão organizando um número temático do periódico Revista Horizontes (USF) sobre o tema “A perspectiva de M. Bakhtin e do Círculo para pesquisas em educação”, cujo prazo de submissão se encerrou em 30/03/2025.

Em seguida, continuamos a organização do Colóquio 60 anos de “A obra de François Rabelais e a cultura popular na Idade Média e no Renascimento (1965-2025) - Data: 04-05 de dezembro de 2025 - Local: auditório 08 do Prédio de Ciências Sociais e salas 260, 262, 264 do Prédio de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. A partir do envio dos resumos das conferências,  está em preparação a programação geral a compor o pedido de financiamento para eventos em edital da PRPG da USP.

Durante a discussão do artigo Democracia, eleições brasileiras e 08 de janeiro: uma análise de discurso comparativa dos jornalismos brasileiro e francês” de Alessandra Folha Mos Landim, foram primeiramente destacadas a qualidade da escrita, a extensão da pesquisa, a relevância e a pertinência do tema do artigo, a exposição meticulosa dos procedimentos de composição dos sub-corpora brasileiro e francês. Em seguida, foram sugeridas as seguintes reflexões: delimitar o título do artigo para o “jornalismo digital da Folha de S. Paulo e do Le Monde”; do ponto de vista metodológico, especificar o sub-corpus brasileiro e o sub-corpus francês, tal como tem sido feito na Análise de Discursos Comparativa; aprofundar a reflexão sobre o conceito de signo ideológico, explorando mais as contradições interiores do signo ideológico “democracia”; talvez restringir os sub-corpora apenas para as eleições, a fim de poder trabalhar com mais profundidade nas análises; delimitar com mais precisão os passos metodológicos da análise dos sub-corpora.

Por fim, durante o fórum de discussão sobre a inteligência artificial, Yuri levantou os seguintes pontos de reflexão:

1. A IA como Orquestradora de Ações e Conhecimentos - opera como orquestradora de sistemas, ferramentas e fluxos de conhecimento. Ela compreende comandos, interpreta intenções, organiza recursos e executa tarefas em cadeia – muitas vezes, com um grau de autonomia que ultrapassa a simples reatividade. Essa orquestração amplia a capacidade humana, mas também desloca a responsabilidade para sistemas invisíveis, exigindo maior alfabetização crítica e tecnológica por parte dos usuários.

2. A IA como Curadora e Nova Mídia - ocupa um novo lugar na paisagem midiática: ela seleciona, recomenda, organiza e prioriza conteúdos. Em outras palavras, ela curadoria o real para cada indivíduo. Essa função afeta diretamente a formação de opinião, o acesso à informação e a construção de sentido. A personalização algorítmica, embora conveniente, introduz riscos: criação de câmaras de eco e filtros ideológicos invisíveis; dificuldade de acesso a pontos de vista divergentes; falta de transparência nos critérios de seleção.

3. Criatividade e Co-criação Homem-Máquina - a IA pode ser uma poderosa aliada em processos criativos, desde que orientada criticamente por humanos. A geração de ideias, imagens, textos e músicas por IA depende da qualidade das instruções, do contexto e da intenção comunicativa do usuário. A criatividade, nesse sentido, não é substituída, mas deslocada: do gesto original à curadoria criativa dos dados, da criação ex nihilo à sintonia fina das possibilidades algorítmicas.

4. Mecanismos de Controle e Governança Algorítmica - a sofisticação da IA implica novas formas de controle social, político e econômico, muitas vezes imperceptíveis: decisões automatizadas que afetam crédito, emprego, acesso a serviços; monitoramento algorítmico em ambientes públicos e privados; plataformas que moldam comportamento por design invisível. A governança da IA exige: transparência e auditabilidade; participação democrática nas decisões tecnológicas; regulação ética e jurídica

5. Limites Técnicos e Cognitivos - não lida bem com ambiguidade material ou sensorial; perde-se diante de problemas complexos com múltiplas variáveis não previstas; depende de dados anteriores e, portanto, tende à repetição e à normatividade. Os modelos não refletem "inteligência geral", mas sim competência estatística treinada.

6. Fronteiras no Uso da IA - fronteiras éticas, políticas, jurídicas e culturais: até que ponto delegar decisões à máquina? Como garantir consentimento informado no uso de dados? Quais limites devem ser impostos ao uso militar, judicial ou educacional da IA? Como lidar com a IA em contextos de desigualdade social e tecnológica?Essas fronteiras são móveis e negociáveis, mas devem ser permanentemente debatidas, pois tocam diretamente em questões de soberania, justiça e dignidade humana.

7. Impactos Ambientais e Sustentabilidade - O custo ambiental da IA é elevado: consome energia intensiva para treinar e operar modelos; demanda grande infraestrutura física e hídrica; gera obsolescência acelerada de dispositivos eletrônicos. Pensar em uma IA sustentável implica: reduzir o consumo computacional; utilizar energias renováveis; incorporar critérios ecológicos no design algorítmico.

8. Transformações do Trabalho e Deskilling - a automação inteligente impacta setores como: Tradução, revisão, análise jurídica; produção de conteúdo, jornalismo, ensino; suporte técnico e administrativo. Isso leva a uma reconfiguração das competências humanas: perda de habilidades tradicionais (deskilling); necessidade de formação contínua e crítica. Valorização de competências relacionais, éticas e criativas.

Referências consultadas

SAGOT, Benoît. Apprendre les langues aux machines. Aula inaugural na Chaire d’Informatique et Sciences numériques do Collège de France, 30 nov. 2023. YouTube: canal Collège de France. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uPiD8SFv41A&t=1261s. Acesso em: 15 abr. 2025.

MENSCH, Arthur. L’IA va bouleverser votre vie. Voici comment. Entrevista conduzida por Hugo Travers. YouTube: canal HugoDécrypte, 12 abr. 2025. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XvM20KSFYo0&t=1s. Acesso em: 15 abr. 2025.

A reunião se encerrou às 16h50.